Umas das marcas em maior ascensão no planeta.
Sabe o que tem por trás dela?
Usarei uma justificativa de Roland Barthes em seu livro Mythologies: “A virtude de todas as
lutas está no fato de elas serem a exibição do excesso (...) a grande exibição
de Sofrimento, Derrota e Justiça” (1957, p.19). Complementando ainda mais a
citação de Barthes, trago também um comentário específico sobre “o duelo” feito
por Randazzo, em A Criação de Mitos na
Publicidade, que diz: “... o ritual duelo masculino é o desejo de poder
masculino altamente dramatizado (...) mostrar que “tem colhões” para enfrentar
outros machos da espécie é mais um obstáculo que o homem deve superar para
provar a sua virilidade diante de outros homens” (1997, p. 183).
Com base nas informações acima podemos buscar em nossa memória batalhas
memoráveis da época da escola. Se um “cara” te chamasse para a “porrada” você
tinha de ir para mostrar que era “macho”. Agora, você se lembra de alguma
dessas brigas sem platéia? Com certeza todas elas tinham um coro bem afinado
com “PORRADA, PORRADA...”.
As batalhas encantam os homens há milênios. A genética masculina é
guerreira. Isso é fato. Não estou dizendo que isso justifica qualquer atitude
de violência, afinal parece que somos racionais e isso devia nos controlar.
Lutas. “O futebol americano, com seus combativos gladiadores, é um dos
mais celebrados rituais de duelo masculino. O jogo, com sua característica
fálica (...) e os seus contínuos duelos, é a própria quintessência da
masculinidade. Os comentaristas gostam de falar de todas aquelas estratégias
embutidas nos jogos e, sem dúvida, tais estratégias são parte do espetáculo.
Mas o que enche os estádios e mantém os homens grudados nas suas telinhas é a
competitividade e a violência”, complementa Randazzo (1997, p. 184).
Você já parou para pensar porque existem os esportes?
Se você já assistiu o filme Gladiador, então você teve a oportunidade
de se deparar com o ritual de duelo mais primitivo do ser humano. Nesses duelos
havia mortes. Ou seja, os atletas gladiadores, muitas vezes, não tinham a
oportunidade de disputar mais do que 10 partidas na arena. A morte chegava e o “atleta”,
habilidoso, dizia adeus ao mundo sem ter uma segunda chance.
Eis que vem uma solução aos espetáculos (batalhas): “Os esportes foram
inventados para praticar e aperfeiçoar as artes marciais” (Randazzo, 1997,
p.184).
Ótimo!
Agora você não precisa mais matar seu adversário. Encaixe um “Katagatame”
e se ele bater você solta. Dois meses de recuperação e o gladiador está de
volta ao coliseu (octógono). Sem mortes, mas ainda assim, com as mesmas
batalhas que encantavam há mais de dois mil anos.
A doutrina da marca UFC transmite a mensagem a seguir sem usar
palavras, apenas sabendo que todo homem é apaixonado por sangue: esporte para
um romano do século I d.C. era ver uma luta com apenas um vencedor, onde o
perdedor, além de perder a batalha, perdia a vida. Veja só o que Randazzo diz
sobre isso: “Em algum canto escuro da alma masculina, um canto que mantemos
escondido das nossas namoradas e esposas, nós homens gostamos do sangue e da
matança” (1997, p.178).
O UFC, como um facilitador, massificou a oportunidade de voltarmos à
época das batalhas memoráveis, mantendo os gladiadores vivos, e liberando o
apreço pelo sangue. Então, se não há morte é esporte. Se os atletas são
protegidos é esporte.
Quer mais um fato curioso?
Você pode estar se perguntado: por que as mulheres têm ido às arenas apreciar
os espetáculos do UFC? Será pela mesma violência que encanta os homens?
A mulher tem o incrível poder de gerar vidas e isso é oposto à morte.
Batalhas levam à morte, se analisadas na essência. Ao contrário dos homens,
mulheres não provam feminilidade em batalhas. Então, o que as leva ao UFC?
“As mulheres acham o Guerreiro perigosamente excitante (...). As mulheres
dizem odiar a guerra e a matança, mas também dizem que adoram os homens de
uniforme.” (Randazzo, 1997, p. 179). A busca no espetáculo não é a mesma.
E o que dizer sobre a nova categoria liderada por Ronda Rousey? A
campeã da qual me referi é uma das gladiadoras do UFC. Estranho, não é?
Mulheres não batalham. Mulheres não brigam. Correto?
Sejam bem-vindos ao mundo contemporâneo! “Com efeito, a ciência e a
tecnologia criaram um mundo em que é agora possível que uma mulher se realize
fora da procriação” (Randazzo, 1997, p. 167).
Emerson Correia Costa
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